A Lipidose Hepática também é chamada de Síndrome do Fígado Gorduroso e
se caracteriza pelo acúmulo de gordura (lipídios) no interior das
células do fígado. É uma doença
muito frequente, nem sempre compreendida e diagnosticada de forma
precoce, e que em casos mais graves pode levar o gato à morte.
Mucosa da boca amarelada em um gato com Lipidose Hepática - Imagem: Arquivo pessoal Dra. Estela Pazos
Para entender como o gato desenvolve a Lipidose Hepática, temos que saber um pouco sobre uma particularidade específica do seu metabolismo:
o gato é carnívoro verdadeiro, ou seja, adquire a maior parte da sua
energia através das proteínas (carnes) ingeridas na alimentação. Se ele
deixar de comer ou apenas diminuir a quantidade de alimento que ingere
rotineiramente, é o suficiente para o organismo começar a usar a gordura
do corpo como fonte de energia; um mecanismo de proteção para suprir a
queda na ingestão calórica. Essa gordura é mobilizada para o fígado e
inicia-se o problema: o gato não tem grande capacidade de transformar a
gordura em energia e nem eliminá-la rapidamente, e assim ela começa a se
depositar nas células hepáticas. O acúmulo de gordura no fígado pode
ocasionar a perda de atividade hepática em até 80%. Por este motivo, o
emagrecimento no gato deve ser feito de forma lenta e gradual, com
acompanhamento veterinário.
É importante salientar que qualquer
alteração na ingestão da quantidade e/ou qualidade de alimentos pode
desencadear o problema, por exemplo, uma dor de dente ou qualquer outra
doença que cause diminuição do apetite, ou seja, o gato não precisa
parar de comer totalmente, o fato de ingerir menor quantidade de
alimento já pode desencadear a Lipidose Hepática. Uma condição de
estresse também pode fazer com que com que o gato deixe de se alimentar
(por exemplo, a chegada de um novo gato na casa, a chegada de um bebê,
mudança de casa, mudança de ração, alteração na rotina da casa). É
importante identificar a causa para evitar que o problema aconteça
novamente.
A Lipidose Hepática ocorre mais frequentemente em gatos
obesos, e quanto mais “gordinho”, maior será o risco. Se o proprietário
notar que o animal está emagrecendo sem causa aparente, é indicado
procurar orientação veterinária rapidamente. É indicada a realização de
exames de sangue e ultrasonografia de abdômen para concluir o
diagnóstico. É comum o gato ficar mais quieto, depressivo e sonolento. O
gato pode apresentar vômitos e principalmente náuseas, sendo comum
vê-lo salivar ao oferecer alimento. A pele, gengiva, orelhas e a parte
branca dos olhos podem ficar amareladas devido ao pigmento biliar que se
acumula nos tecidos, pois a bile fica na circulante no sangue.
O tratamento é feito com medicamentos
para controlar as náuseas e vômitos, restabelecimento da função
hepática e o principal: fornecer alimento hipercalórico e hiperprotéico
através de alimentação forçada, pois o gato com náusea não terá apetite
para comer sozinho. Pode haver necessidade de colocação de sonda
esofágica para que o gato receba o alimento diretamente no estômago,
garantindo a nutrição e medicação na quantidade adequada. O gato estará
recuperado quando voltar a ter apetite e se alimentar normalmente e isso
pode levar de 1 até 6 semanas.
A melhor forma de prevenir a Lipidose Hepática é manter seu gato em boa condição corporal, dieta
balanceada com uma ração de boa qualidade, acrescentando brinquedos e
variadas formas de exercícios a sua rotina, evitando o sedentarismo e
estresse.