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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Donos de gatos são vítimas de estereótipos

“Sou homem e tenho sete gatos. Muita gente insinua, ou pergunta mesmo, se sou gay. Não sou. Apenas tenho gatos”, afirma projetista

Danielle Nordi, iG São Paulo | 16/09/2011 06:48



Foto: Arquivo pessoal
Claudio, 44, diz que está na hora de os homens assumirem que gostam de gatos


Traiçoeiros. Frios. Muita gente que não tem nada contra animais em geral atribui características humanas negativas aos gatos. Os felinos são alvo de antipatia de alguns. Há até os que acham que as pessoas podem ser divididas em dois tipos: as que gostam de cães e as que gostam de gatos. Na rixa entre os grupos, quem está no time dos gatos sofre, assim como seus animais, com estereótipos.

Homossexuais, solteironas ou pessoas diabólicas. Esses são exemplos de generalizações onde essas pessoas são enquadradas. O projetista Claudio Olívio de Paula, 44, passa por isso com bom humor.

“Além do preconceito de achar que o gato é um péssimo animal de estimação, tenho um agravante: sou solteiro. Deus nos livre de um homem solteiro, que não seja gay, ter um gato!”, diverte-se Claudio.


Ele anuncia para todos os que insinuam, sondam ou perguntam: “Gente, um animal não define orientação sexual. Tenho sete gatos e acho que está na hora de homens criarem coragem e assumirem com todas as letras que gostam de gato”, afirma.


Origem

Mas por que isso acontece? De onde vêm os preconceitos que cercam os amantes de felinos?
“O que acontece mesmo é que o gato, mais precisamente o gato preto, acabou pagando por uma briga religiosa. Quando o gato preto, que era muito admirado pelos árabes, foi trazido para o Ocidente, a igreja católica via nele um inimigo. Chegou a proibir que os fiéis tivessem o animal. Quem tinha o bicho era considerado igualmente diabólico”, afirma o pesquisador e historiógrafo Gehad Hajar.
 
 
O pesquisador atenta para o fato de que o gato é um animal com bastante representação mística, o que acaba colocando mais lenha na fogueira. “Obras literárias citam essa questão da mística. O escritor Edgar Allan Poe escreveu um conto, chamado ‘Gato Preto’. Ele atribui tudo que dá errado em seu cotidiano ao gato preto. Isso depois da morte do animal.” Nem é preciso ir tão longe: nas histórias infantis, os gatos sempre são os vilões – o Frajola de Piu-piu, o Tom de Jerry. O gato de Cinderela é um malvadão chamado Lúcifer. O da bruxa Madame Min se chama Mefistófeles, o que dá na mesma depois de “Fausto”.
Foto: Arquivo pessoal Ampliar
O gato Sebastião foi alvo de piadas dos amigos de sua dona, Ludmilla


Preconceito que alimenta preconceito
De acordo com a psicóloga Marisa de Abreu, o preconceito que os donos sofrem é um respingo daquele que as pessoas têm com o próprio bicho. É a chamada “percepção seletiva”: “Por exemplo, você acaba de comprar um modelo qualquer de um carro. No dia seguinte, parece que ‘surgiu’ uma quantidade enorme de carros do mesmo modelo nas ruas.  Você é que está percebendo mais o que sempre esteve lá", explica.
"O mesmo acontece no caso dos donos de gatos. Ninguém é santo nem demônio. Todos temos aspectos positivos e negativos, mas, ao ter um gato, que é associado a coisas malévolas, suas características menos positivas serão observadas com mais intensidade”, explica.
 
 
Ela diz que a generalização que muitos fazem de que donos de gatos são gays ou solteironas pode ser explicada pela questão da associação – e por preconceitos prévios que alimentam novos estereótipos. “Os gays são vistos como pessoas mais emotivas, com a sensibilidade mais aflorada. As mulheres solteiras, para muitos, são carentes. Pelo gato ser um animal que tem características atribuídas a seres humanos, muitos associam que os dois grupos preferem sua companhia para partilhar a vida com eles.”

A secretaria executiva e tradutora Ana Angelica Clemente, 49, dona de duas gatas, levanta outra hipótese. “É comum as pessoas verem mulheres que ficam solitárias com idade avançada terem muitos gatos e acabam achando que é sempre assim. Como toda generalização, é bem injusta. Conheço várias famílias que têm gatos. Não é questão de solteirice ou orientação sexual. É questão de serem bichos companheiros e fáceis de cuidar por serem independentes.”


Gato preto? Sai que é azar!

O tempo fecha mais ainda para quem tem gato preto. A empresária Ludmilla Rossi, 29, sabe bem disso. Ela tem dois gatos, o Sebastião – um vira-lata preto – e o Ângelo – da raça Maine Coon. “Alguns amigos tiraram sarro do Sebastião por um tempo. Mas eu o adotei justamente por isso: poucas pessoas gostam de gato preto. Pra mim, esse papo de que dá azar não é verdade.”
A psicóloga Marisa de Abreu afirma que essa superstição influencia o julgamento diante do animal. “A superstição já influenciou nosso gosto por muitas coisas. As pessoas mais frágeis possuem dificuldades de aceitar as incertezas da vida. Aí se apegam a algo que veem como uma certeza, como o fato de que um gato preto traria azar.” E como combater esse impulso de acreditar no que nos é posto como certeza? “Desenvolvendo o senso de lógica e obtendo informações. Ser psicologicamente seguro também é importante”, afirma Marisa.


Saia-justa
Ana Angelica elenca as situações indelicadas pelas quais já passou. “As pessoas costumam falar coisas como não ser possível confiar em gato ou, o pior de todos, que a minha gata daria um ótimo tamborim. Além disso, como minhas gatas são super sadias, algumas pessoas falam que ela daria um ótimo churrasquinho. Pode isso?”, conta, rindo.
Ludmilla faz a tão polêmica comparação para justificar sua preferência e espantar críticas. “Eu enxergo apenas qualidades nos gatos. Se querem compará-los aos donos, consequentemente teremos qualidades ao invés de defeitos também. Eles são independentes, silenciosos e têm, acima de tudo, personalidade. Não é como cachorro – que eu também gosto muito - que aceita muita coisa do dono. O gato, não. Ele tem ‘opinião’ e faz o que gosta.”

Fonte: Delas.ig

8 comentários:

  1. Ummm! Tenho vários gatos, não sou solteira, tenho filhos, minha orientação é hetero. Acredito que o pre julgamento, pre conceito das coisas que não conhecemos é que pode prejudicar animais e dificultar o convivio (exclusão) de pessoas. Lamentável existir tipos assim.

    Elaine

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  2. Já fui menina, adolescente, cresci entre gatos, casei, tive filhos e gatos, estou viúva, filhos casados, tenho mais de vinte gatos e, espero nunca ficar longe desses maravilhosos amigos, sejam brancos, pretos, amarelos e a cada dia ensinam algo diferente para nós, humanos.
    Lindo o texto apresentado, às vezes sinto vontade de colocar um "out door" em frente minha casa descrevendo qualidades que gatos têm e faltam nos humanos.
    Abraço

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  3. Achei seu blog sem querer amiga e o mais engraçado de tudo foi achar esta reportagem na versão original, sito é, com meu nome na entrevista. Infelizmente pedi para retirar as informaçôes sobre mim pois quando dei a entrevista, na verdade, não foi bem sito q eu falei pra ela, a reporter. Acho q vc é a única com a edição original (sem cortes). Teu blog está show. Um beijinho, já estou te seguindo tb.

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  4. ADORAMOS O TEXTO, CONCORDAMOS COM AS QUALIDADES E DEMAIS INDICATIVOS DAS PERSONALIDADES UNICAS DESSES GRANDES COMPANHEIROS. TEMOS 8 GATOS COM DIFERENTES IDADES, E TRES CADELAS. OBSERVAMOS DIARIAMENTE ESTAS DIFERENÇAS.

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  5. O gato é uma animal super companheiro, qualquer que seja sua orientação sexual. Sempre que faço meus consertos domésticos os meus gatos me acompanham e ficam juntos aos parafusos e ferramentas. As gatas são mais dengosas, mas os machos também são uns filhos de verdade.

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  6. Só não estou de acordo com a descrição de gato ser independente. Como voluntária de uma associação,já vi gatos deixarem de comer e beber por terem sido abandonados. Eu mesma,já tive de voltar de férias porque os meus bichaninhos se recusavam a comer, mesmo dentro da nossa casa,com a minha irmã tomando conta deles. Eu acho que alguns podem não demonstrar, mas saomuito apaixonados e dependentes dos seus humanos.

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  7. As críticas só chegam através de pessoas que não gostam dos felinos...eu tenho 5 e os considero meus melhores amigos....bjim

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  8. adorei esse texto, cheguei nele por acaso!!!
    bjs
    Flavia
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