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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Os perigos do uso de anticoncepcionais em cães e gatos


Evitar uma cria indesejada é uma das grandes preocupações dos donos de gatas e cadelas. A outra é o bem-estar do animal. Ambas entram em conflito quando o assunto são os métodos contraceptivos, em especial o uso de anticoncepcionais. Além disso, o comportamento sexual dos animais em cio muitas vezes é extremamente desagradável para o proprietário. A presença de sangramento vaginal, manchas pelo chão, odores, latidos, atração de machos e marcação do território fazem com que os proprietários busquem uma solução para esse incômodo. Sabe-se que muitas pessoas cometem o equívoco de usar anticoncepcionais, imaginando serem inofensivos, mas não é bem assim.
Tais medicamentos apresentam grande aceitação, pois são de baixo custo e podem ser encontrados facilmente em casas de rações e lojas do gênero, além de serem vendidos sem prescrição do médico veterinário.
Os anticoncepcionais são encontrados sob a forma de comprimidos ou injeções (“vacinas”), e tendem a retardar ou suprimir a fase de aceitação sexual dos animais além de incômodos como o sangramento das cadelas. A maneira mais utilizada é a injetável e a dose varia de acordo com o peso do animal. Existe uma fase certa do ciclo do animal para se aplicar o anticoncepcional.  Na cadela, é mais fácil identificar essa fase, mas, na gata, por ser um animal que apresenta vários cios por ano, é bem mais complicado. As pessoas aplicam a medicação sem saber o período certo, o que pode acabar ocasionando mais problemas. Muitos aplicam a medicação quando o animal já está no cio o que é extremamente prejudicial para a saúde das mascotes. Além disso, é muito comum gatas prenhes receberem a medicação por seus donos não saberem que elas estão gestantes. Na totalidade dos casos, os fetos irão morrer e ficar retidos no útero até que ocorra uma grande infecção colocando a vida da gata em perigo.
O uso de anticoncepcionais é um dos principais causadores de aparecimento de tumores de mama, infecções uterinas e tumores uterinos e de ovário, além de predisporem a doenças endócrinas, como o hiperadrenocorticismo, e promoverem resistência insulínica, provocando o surgimento da diabetes mellitus. Também pode ser observada falha, ausência ou descoloração do pelo no local da aplicação.
No caso da infecção de útero, o tratamento é a retirada do órgão de forma emergencial, antes que o animal entre no quadro de infecção generalizada, toxemia associada à insuficiência renal, colapso e morte.
Já nos casos de neoplasia mamária, a maioria é de origem maligna e somente o diagnóstico e o tratamento precoce podem salvar ou prolongar a vida do animal com câncer. O tratamento é cirúrgico, associado ou não à quimioterapia.
A única vantagem encontrada nesse método é o baixo custo. Há alguns anos, vários profissionais administraram anticoncepcionais para evitar que fêmeas tivessem cria. Os custos da cirurgia de castração eram muito altos e poucas pessoas podiam arcar com esse gasto. Com o passar dos anos, vários estudos desenvolvidos sobre esse assunto provaram que o custo-benefício dos anticoncepcionais para animais não é compensatório e, hoje, a cirurgia de castração é muito mais acessível e largamente indicada.
É importante lembrar que, se por um lado o anticoncepcional aumenta a incidência de tumores nos animais, a castração, por sua vez, diminui a incidência de tumor de mama principalmente quando realizada nos primeiros anos de vida do animal. Além dos tumores de mama, a castração precoce previne virtualmente quase todos os outros tumores e doenças relacionados ao sistema reprodutor em cadelas e gatas.
Dra. Vanessa Mollica Caetano Teixeira
Médica veterinária
Especialista em clínica e cirurgia – UFV
Mestre em cirurgia – Unesp

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